03 abril 2007

Mas falta um detalhe de suma importância:

Banheiros públicos espalhados pela cidade.

Gente, eu já trabalhei no centro, já circulei bastante pelo centro, mas nunca senti um cheiro de xixi tão forte e constante - e por uma área tão extensa - como nessa caminhada de ontem.

Sou fã nº 1 da limpeza visual, mas falta de banheiro numa cidade como esta já é questão de saúde pública. E se ainda não é, em breve será. Acredite.

Sejamos francos: não é todo mundo que tem coragem de pedir ou que consegue autorização para usar o banheiro de algum estabelecimento da região. Aliás, os estabelecimentos da região não têm obrigação nenhuma de arcar com os custos de água e limpeza de banheiros, a não ser para o uso dos seus funcionários e clientes.

E quem trabalha como ambulante? E quem vive nas ruas? E quem não tem uma moedinha para usar as instalações sanitárias de um Shopping Light, por exemplo?

Toda essa gente também tem necessidades fisiológicas, muitas vezes inadiáveis, e estou certa de que, se tivesse opção, escolheria fazer o seu xixizinho e até mesmo o nº 2 em instalações mais discretas e adequadas. Mas como não há opção, o jeito é dar um jeito.

E por falar em dar um jeito, você já tentou descer aquela escadaria que leva do Viaduto do Chá ao Anhangabaú, bem ao lado do Shopping Light? Ontem eu tentei, mas uma imensa barreira de xixi se interpôs no meu caminho e foi impossível atravessá-la sem uma máscara de oxigênio e botas especiais.

Foi assim que a maior instalação do Anish Kapoor - que estava lá embaixo - ficou sem a minha visita. O que demonstra que a falta de banheiros públicos é, inclusive, um obstáculo físico importante entre o cidadão comum e a obra arte.

E aqui cabe um questionamento: será que foi por causa disso que eu não consegui entender nada do que vi na exposição? Só quem teve nariz, estômago e (sobretudo) cérebro poderá responder.

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